A sustentável leveza de ser?!

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A sustentável leveza de ser?!

O primeiro teste com bioquerosene (QAV) realizado num voo em 2012 entre São Paulo e Rio de Janeiro (então sede Rio+20), demonstrou possuir um desempenho similar ao querosene de origem fóssil e ser competitivo comercialmente quando produzido em escala industrial.

A norma D7566 da certificadora internacional “American Society for Testing and Materials” (ASTM), revisada em 16 de junho 2014, inclui o uso de farneseno (diesel de cana), como um elemento de mistura, que pode ser acrescentado ao querosene usado na aviação comercial.

O QAV é produzido a partir da cana-de-açúcar, segundo a ASTM e se legitimada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), adicionado até 10% ao querosene de aviação de origem fóssil, permite reduzir o impacto ambiental das viagens aéreas e amplia o portfólio de produtos derivados da cana, ganhando assim novas perspectivas comerciais.

Esta decisão permitirá que o QAV produzido a partir da cana-de-açúcar pela empresa biotecnológica “Amyris”, sediada no Vale do Silício, possam contribuir para a redução de emissões de gases de efeito estufa. A empresa presidida pelo português John Melo conta atualmente com laboratórios em Campinas - SP e é pioneira na descoberta das novas variantes da levedura (Saccharamyces cerevisiae).

Modelos são gerados em computador, seguindo-se a preparação das variedades de levedura. Depois disso, a mudança na performance da levedura tem de ser medida, e só então começam os testes em volumes maiores.

Aproximadamente 4 000 variedades eram testadas mensalmente com esse método, mas recentemente cerca de 1 milhão de variações são testadas em um único dia. Dessas, cerca de 1 000 passam pelo teste inicial, por meio de mutações genéticas induzidas com raios ultravioleta. Uma segunda peneira reduz o total para 20 e só então começa a fase final dos testes. Apenas duas ou três novas versões geneticamente modificadas, serão enviadas ao Brasil para provas de campo.

O QAV é produzido por meio de um processo de fermentação, no qual a levedura desenvolvida, consome o xarope da cana de açúcar, para produzir um hidrocarboneto chamado farneseno. Por meio da hidrogenação, os átomos de hidrogênio são acrescentados para converter o farneseno numa molécula chamada farnesano, que compõe o bioquerosene renovável usado para abastecer jatos.

Tem-se revelado que as alterações na estrutura genética da levedura são virtualmente infinitas e que têm como objetivo de consumir açúcar e produzirem farneseno, uma molécula que pode ser transformada nos mais variados produtos, desde óleo diesel e combustível vegetal para aviação a borracha sintética que pode ser usada em pneus. A ideia inicial é produzir diesel de cana, um combustível que pode ser misturado ao diesel tradicional e que não exija mudanças nos motores dos veículos.

Recentemente, a empresa também recebeu autorização da ANP, para uso experimental do seu diesel de cana puro nos ônibus. A novidade é que a empresa decidiu testar o diesel renovável sem qualquer mistura com outros combustíveis, ao contrário do realizado até então (misturas contendo até 30%).

Mas a ambição é muito maior. Através da produção de subprodutos do açúcar, como é o caso do biofeno, pretende fabricar lubrificantes industriais, e no caso do isopreno, na fabricação de borrachas sintéticas, revestimentos e adesivos. Outros usos possíveis para as moléculas derivadas do açúcar, como o farneseno, são como insumos para a indústria de cosméticos e de plásticos.

Apesar do grande prejuízo, a “Amyris” é a única a tentar produzir diesel de cana-de-açúcar no mundo, conseguiu atingir o custo de produção mais baixo de sua história. Em 2015 valor atingido foi metade do custo registrado em 2014, mostrando que a companhia continua a acreditar, que um dia poderá substituir o diesel fóssil com sua tecnologia.

O ritmo de inovação da Amyris tem importância especial para o setor sucroalcooleiro do Brasil, pois a matéria-prima mais importante da empresa é a cana do país.

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