Cientistas descrevem a maior das vitórias-régias do mundo
Cientistas descrevem a maior das vitórias-régias do mundo: ela tem 3 metros de diâmetro e é da América do Sul
Até bem recentemente eram conhecidas apenas duas espécies de vitórias-régias gigantes no planeta, essas plantas aquáticas, também chamadas de lírios d’água: a Victoria amazonica e a Victoria cruziana, ambas pertencentes ao gênero Victoria (nome dado em homenagem à Rainha da Inglaterra, Victoria, em 1837). Todavia, há algum tempo, pesquisadores suspeitam que existia uma terceira espécie, na Bolívia.
Pois após vários anos de estudos e análises, um grupo de pesquisadores especializados em Arte Botânica, Horticultura e Ciência confirmou que a vitória-régia nativa de zonas úmidas bolivianas é realmente uma espécie distinta das demais, por isso mesmo foi batizada de Victoria boliviana. Além disso ela já é considerada a maior dentre as três: uma delas, localizada no Jardim La Rinconada, em Santa Cruz de la Sierra, mede 3,2 metros de diâmetro.
Um dos pontos mais curiosos da descoberta é que um exemplar da nova espécie já pertencia há 177 anos à coleção do herbário do Kew Royal Botanic Gardens, ou simplesmente, Kew Gardens, de Londres, onde trabalha Carlos Magdalena, um especialista internacional em lírios d’água e um dos cientistas envolvidos na descrição da Victoria boliviana.
Essa é a primeira descoberta de um nova espécie de vitória-régia gigante em mais de um século. Nativa da região de Llanos de Moxos, na província de Beni – onde se encontram duas espécies de animais em risco de extinção, o boto boliviano (Inia geoffrensis ssp. boliviensis) e a arara-de-garganta-azul (Ara glaucogularis) -, a planta produz muitas flores por ano, mas elas não desabrocham juntas e quando isso acontece é apenas durante duas noites, mudando da cor branca para rosa.
Em 2016, Magdalena recebeu doação de sementes das vitórias-régias gigantes de duas instituições da Bolívia. Ao longo dos últimos anos, ele acompanhou o desenvolvimento da Victoria boliviana e o comparou à amazonica e a cruziana. O pesquisador teve a certeza então de que elas eram diferentes. A espécie recém-descrita tem uma distribuição diferente de espinhos e formação de sementes para outros membros do mesmo gênero.
Uma outra e importante ferramenta para a confirmação da descrição foram os estudos artísticos feitos pela ilustradora botânica Lucy Smith. Como as flores só desabrocham à noite, ela ficou durante esse período desenhando o que via.
“Algo que chamou particularmente sua atenção foi a semelhança entre a nova planta e aquela que o artista Walter Hood Fitch, do Kew Gardens, desenhou de um espécime coletado na Bolívia em 1845. Na verdade, provou ser a mesma, desconhecida como uma nova espécie para Fitch na época!”, contou o jardim botânico britânico.