Eles parecem beija-flores, mas na verdade, são aves de famílias distintas, apesar do porte pequeno e das cores brilhantes. Os sunbirds, seu nome em inglês (sem tradução para o português), também se alimentam principalmente de néctar, mas fazem isso geralmente empoleirados, diferentemente dos colibris que sugam o néctar enquanto pairam no ar.

Outra diferença é que os sunbirds cantam, mas o que realmente diferencia esses pássaros é que eles vivem em regiões completamente diferentes do planeta. Como os especialistas explicam, são equivalentes ecológicos, não relacionados, mas que ocupam “nichos semelhantes em diferentes ecossistemas”. Sunbirds são encontrados em regiões tropicais da África e da Ásia, enquanto os beija-flores são restritos às Américas.

Atualmente há mais de 140 espécies de sunbirds descritas pela ciência, mas ao utilizar novas técnicas, que incluem exames de DNA, comparação de gravações de cantos e análises estatísticas do tamanho corporal, zoologistas do Trinity College Dublin, da Irlanda, em parceria com pesquisadores da Universitas Halu Oleo in Sulawesi, na Indonésia, acabam de anunciar a descoberta de novas e belíssimas espécies.

Esses pássaros vivem em florestas de ilhas remotas. Uma das novas espécies encontradas é o Wakatobi sunbird (Cinnyris infrenatus), que vive na pequena ilha com o nome pelo qual ele foi batizado. Ele possui o peito com penas azuis e o peito amarelo.

Em geral, os machos possuem uma plumagem brilhante, com penas iridescentes ou “metálicas” que brilham à luz do sol.

Os pesquisadores também identificaram que várias outras espécies pertencem a algumas ainda não descritas pela ciência.

“É incrível que ainda existam espécies esperando para serem encontradas nesta região, que tem sido importante para a biologia evolutiva desde a época de [Alfred Russel] Wallace. Estou emocionado por termos adicionado à lista de espécies conhecidas desta parte maravilhosa do mundo, é o tipo de coisa com que sonhei quando me interessei por zoologia quando criança. Além disso, este estudo tem sido uma oportunidade brilhante para construir sobre o trabalho clássico com novas técnicas”, diz Fionn Ó Marcaigh, principal autor do estudo.

Há pouco mais de dois anos, em janeiro de 2020, também escrevi sobre a descrição de dez novas espécies de aves na Indonésia, no que foi então considerada a maior descoberta do século nessa área.

De acordo com o relatório State of the World’s Birds 2022, divulgado no mês passado, a maioria das espécies de aves ameaçadas no mundo está em regiões tropicais de latitudes temperadas. Nove países possuem mais de 80 delas, como é o caso da Indonésia (162 espécies), Brasil (154 espécies) e Colômbia (102 espécies).