Periquito cara-suja retorna à Caatinga, após 114 anos
Segundo estudos genéticos recentes, o surgimento da espécie data de 90 mil anos a. c.
Já foi retratada em pinturas do Brasil Holandês no século XVI e em 2003, o Governo Brasileiro reconheceu a espécie como criticamente ameaçada de extinção.
Depois de muitos trabalhos realizados com o apoio de muitos outros pesquisadores, dá-se o início de um novo projeto em 2007, que visa preservar esta ave singular.
O periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus) é uma ave exclusivamente nordestina que já foi encontrada em muitos estados da região.
No entanto, devido à destruição de seu habitat (as florestas serranas) e à captura ilegal de animais silvestres, atualmente é vista em apenas em três pontos do Estado do Ceará.
Nesta semana, a Caatinga cearense presenciou o retorno do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) , após mais de 100 anos sem registros da ave na região do Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI).
A volta aconteceu após 18 exemplares da espécie ameaçada serem reintroduzidos na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), no Ceará, na quinta-feira (12).
Como foi a reabilitação?
Por cinco meses, os 18 periquitos ficaram em recintos de aclimatação dentro da reserva, um período crucial para a familiarização com o local. Nesse processo estabeleceram vínculos familiares e fortaleceram a adaptação ao ambiente.
A seleção dos indivíduos para a reintrodução na Serra das Almas seguiu critérios adotados na soltura realizada na Serra da Aratanha, em 2022:
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A pertença dos animais a grupos familiares de vida livre, o que garante maior coesão social e facilita a adaptação ao novo ambiente.
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Estarem habituadas ao uso de caixas-ninho, o que facilita o manejo durante o processo de soltura.
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O treinamento prévio para o uso de comedouros, uma preparação essencial para a aclimatação gradual e bem-sucedida dos indivíduos ao habitat natural.
Hábitos:
É uma espécie social que vive em bandos familiares de aproximadamente 4 a 15 indivíduos.
Eles medem de 22 a 28 cm e pesam em média 58 gramas e se alimentam de frutos, sementes e flores.
Ao entardecer se protegem dos predadores em ocos de árvores, entre folhas de palmeiras ou bromélias.
Reprodução:
A época de reprodução ocorre apenas uma vez ao ano, de fevereiro a junho. As fêmeas botam em média 6 ovos .
Fazem ninhos em ocos de árvores, mas como não são capazes de escavar seus próprios ninhos, se aproveitam de buracos deixados por pica-paus.
Quando os filhotes nascem, o casal divide a tarefa de alimentá-los.
Por vezes eles tem ajuda até de um terceiro membro do bando para conseguir criar os filhotes com sucesso.