Por que o mar é salgado se os rios levam água doce até ele?

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Por que o mar é salgado se os rios levam água doce até ele?

O mar é salgado porque os rios, ao longo de milhões e milhões de anos, transportaram para os oceanos não apenas água, mas também íons provenientes do intemperismo químico das rochas. Esse processo contínuo, aliado ao ciclo hidrológico, explica a elevada concentração de sais nos mares.

Intemperismo químico e origem dos sais

A chuva, ao entrar em contato com a atmosfera, absorve dióxido de carbono (CO₂), formando uma solução levemente ácida de ácido carbônico (H₂CO₃). Essa água ácida interage com minerais presentes nas rochas durante o escoamento superficial e subterrâneo, promovendo reações químicas que liberam íons como:

  • Sódio (Na⁺)
  • Potássio (K⁺)
  • Cálcio (Ca²⁺)
  • Magnésio (Mg²⁺)
  • Cloreto (Cl⁻)
  • Bicarbonato (HCO₃⁻)

Esse processo é conhecido como intemperismo químico e representa a principal fonte dos sais que os rios transportam até os oceanos.

Transporte fluvial e acúmulo

Embora a água dos rios seja considerada doce, ela contém em média 0,01% de sais dissolvidos. Essa concentração baixa se torna significativa porque a quantidade de água que flui para os oceanos é gigantesca e contínua. Com o tempo geológico (centenas de milhões de anos), esse transporte constante resultou no acúmulo progressivo de sais nos mares.

O ciclo hidrológico e a retenção de sais

No oceano, ocorre a diferença crucial: a água evapora como parte do ciclo hidrológico, mas os íons dissolvidos não se perdem nesse processo. Assim, a cada ciclo de evaporação e precipitação, a concentração de sais na água do mar aumenta gradualmente. É por isso que a água doce faz o ciclo completo entre chuva, rio e oceano, enquanto os sais ficam retidos.

A composição química dos oceanos

A salinidade média dos oceanos é de aproximadamente 35 gramas de sais por litro de água (35‰). A maior parte dessa composição é de cloreto de sódio (NaCl), mas outros íons também são importantes:

  • Cloreto (Cl⁻) – cerca de 55% dos sais
  • Sódio (Na⁺) – cerca de 30%
  • Sulfato (SO₄²⁻) – cerca de 7%
  • Magnésio (Mg²⁺) – cerca de 4%
  • Cálcio (Ca²⁺) e potássio (K⁺) – pequenas porcentagens

Essa proporção é relativamente constante em todos os oceanos devido ao tempo necessário para que os sais adicionais trazidos pelos rios sejam redistribuídos pelas correntes marinhas.

Balanço entre entrada e saída de sais

Os oceanos não ficam infinitamente mais salgados porque existe também a “saída” de sais por diferentes processos geológicos e químicos:

  • Precipitação e deposição de minerais no fundo marinho.
  • Formação de rochas evaporíticas, como o sal-gema (halita).
  • Incorporamento de minerais em organismos marinhos para formação de conchas e esqueletos.
  • Reações químicas em zonas de dorsais oceânicas, onde a água do mar interage com o magma.

Esse equilíbrio dinâmico entre entrada e saída mantém os níveis de salinidade relativamente estáveis nos últimos milhões de anos.

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