A expectativa é que a produção brasileira dobre em 20 bilhões de litros por safra até 2030.
Mesmo com a escassez global de açúcar, especialistas avaliam que o Brasil pode se tornar exportador potencial de etanol e biocombustível até 2030. Segundo avaliação da Organização Internacional de Açúcar, o ciclo de escassez está chegando ao fim e impactará de forma ligeira a safra de cana 2017/2018. O debate relaciona também o futuro do setor às novas influências do cenário internacional: ao acordo da COP22, à ascensão de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos e a esfera mundial de poder.
De acordo com as estatísticas, as decisões para driblar a crise econômica no Brasil não podem ser tomadas daqui há 10 anos porque a resposta do setor industrial tem um intervalo de reação de 5 anos. A expectativa é que o Brasil seja o protagonista de novas oportunidades em breve.
Segundo o economista e chefe do centro de Crescimento Econômico do IBRE/FGV, Samuel Pessoa, nossa economia segue um modelo dos anos 50 e 70 que nunca deu certo. O país está passando por mudanças, porém lentas por causa da crise. O olhar das empresas está no ano 2018 como uma fase de “recomeços” inauguradas com a delação da Obredecht.
No contexto internacional, Pessoa vê no Brasil a capacidade de abastecer o mercado mundial. O sucesso do Etanol ainda dependerá do posicionamento de Trump e seu apoio à COP, mas a adesão de outras potencias como a China às energias de biomassa garantem um cenário positivo no mercado.
O economista afirma que a prioridade do Brasil nos próximos cinco anos é a solução dos seus problemas fiscais. A perspectiva é que o etanol e sua inserção na matriz energética garanta o sucesso empresarial, num contexto de governo pró-mercado.
O Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, manifestou que o entrave do Brasil é que, apesar do seu múltiplo conhecimento no setor, carece das mesmas necessidades crônicas e alarmantes do cenário global. “Precisamos entender que não é obrigação do Estado fazer tudo. É necessário re-institucionalizar os setores, dar uma chance as empresas de continuar o trabalho”, explica. Coelho apresentou, em evento da ÚNICA, no 28 de novembro, o programa Renova Bio, plano nacional com estratégias de desenvolvimento para biocombustíveis aliado ao setor sucroenergetico.
A expectativa é que a produção brasileira cresça em 20 bilhões de litros por safra até 2030. Neste ano a produção brasileira foi de 30 bilhões de etanol por safra. O ministro reforçou que a segurança dos plantios para os investidores facilitara o cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
Marcio Felix, secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do MME, vê o programa como um incentivo às soluções nacionais, destacando a urgência de uma nova matriz energética brasileira. Ele acredita que até 2030 o país trabalhará em quatro eixos: o papel do biocombustível nesta matriz, a sustentabilidade econômica e ambiental, novas regras de comercialização e novas fontes de biocombustível. Felix destacou também a importância de redesenhar o novo papel da Petrobras.
Presidente da Petrobrás, Pedro Parente, afirmou que existem várias políticas públicas a serem resolvidas no setor entre estes a política de preço. Até 2030 se espera uma demanda de 31,3 milhões de metros cúbicos de gasolina e 8,2 milhões de metros cúbicos de etanol, e 17,2 milhões de metros cúbicos de biocombustível.
Parente acredita que os compromissos do país com o Acordo do Clima exigirão o dobro da oferta de etanol até 2030.
Para os especialistas é importante olhar os mercados internacionais que podem contribuir e aproveitar os investimentos e doações dos países desenvolvidos, para produzir novas tecnologias ambientais. O Brasil passa por um alinhamento estratégico no qual pode alcançar seu lugar no cenário global como o país da economia de carbono.
A Nova Matriz
Os próximos anos serão de criação de uma nova matriz de acordo com a Agenda Ambiental. Para Elizabeth Farina, presidente executiva da ÚNICA, após seis anos de crise do setor a política brasileira precisa trabalhar com quatro agendas. A primeira é a agenda ambiental que oferece oportunidades diversas, a segunda é a agenda de reestruturação e abastecimento facilitando o uso de veículos leves e a reformulação da Petrobrás, a terceira agenda é tecnológica e discute a eletrificação do transporte e a quarta agenda o trabalho consciente das políticas públicas.
Segundo Elizabeth o mercado não percebe os impactos do uso de combustíveis fósseis. “A gasolina gera um custo social mais elevado que as outras fontes, para economia crescer precisamos de um mercado bem abastecido”, defende.
O Etanol no setor é visto como a alternativa que pode solucionar as problemáticas brasileiras, especialistas avaliam que em 2017 será um ano promissório. O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDS) destinou R$ 1,5 bilhão de reais ao Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais para contribuir ao desenvolvimento dos setores de açúcar e etanol. Empresas interessadas devem enviar seus projetos até o 31 de dezembro.